Eventos climáticos extremos serão cada vez mais frequentes. Alerta especialista da UNITAU.

Eventos climáticos extremos deixaram de ser episódios isolados para assumir uma regularidade cada vez maior e mais assustadora. Acrescente-se a essa equação componentes como ocupações irregulares, impermeabilização do solo, poluição atmosférica e gestão inadequada de resíduos para que o resultado impacte diretamente as camadas mais vulneráveis da população.

O alerta vem do Prof. Dr. Gilberto Fisch, pesquisador que integra o programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais da Universidade de Taubaté (UNITAU) e que será um dos responsáveis pelo curso internacional gratuito Mudanças Climáticas: lições aprendidas e ações para serem realizadas.

“Os eventos climáticos ocorrem como um prenúncio sobre possíveis mudanças do clima. A gente se lembra de Caraguatatuba em 1967, da região serrana do Rio de Janeiro em 2011 e de São Sebastião em 2023. Agora é esperar para ver onde e quando será o próximo evento, mas que vai ocorrer, vai.”

No caso específico dos episódios das fortes chuvas que aconteceram em São Sebastião e demais cidades do Litoral Norte, o pesquisador, que é meteorologista de formação, destacou a presença de uma frente fria fraca pela região que funcionou como um tampão para evitar o escoamento da água para o mar. “Foram vários dias de chuva e o solo estava encharcado, o escoamento superficial foi prejudicado e a camada de solo rasa não resistiu, ocorrendo os deslizamentos. É difícil ocorrer tantas coisas ao mesmo tempo, mas elas ocorrem e temos as tragédias.”

Prof. Fisch também reforça o aumento gradativo da temperatura do ar e das águas dos oceanos, o que acaba interferindo na formação de nuvens mais volumosas e com maior potencial de chuvas de grande intensidade.

“As chuvas têm se tornado mais intensas. O alerta do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) fala sobre as chuvas que têm se tornado mais intensas. O mar está mais quente e a água evapora mais. A temperatura do ar mais também está mais quente, o que contém mais moléculas de água. Tudo se soma e leva a essas tempestades mais severas.”

No caso da tempestade que atingiu Taubaté na última quinta-feira (23), o professor destacou a concentração da chuva a partir de um determinado ponto, o que foi demonstrado pelas diferentes medições dos pluviômetros instalados na cidade. De acordo com a Defesa Civil de Taubaté, o pluviômetro manual instalado na base da corporação registrou 70 milímetros de precipitação, enquanto que um equipamento do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) em outra região registrou 42,5 milímetros.

“Essa chuva foi provocada por um cumulunimbus (nuvem de tempestade) e foi muito localizada. Lá no Departamento de Ciências Agrárias temos um pluviômetro que registrou 32 milímetros de chuva”.

Para o especialista, o combate aos extremos climáticos e seus efeitos deve ser norteado pela aplicação dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). “É preciso aumentar a área permeável das cidades, construir piscinões para segurar a água, desenvolver o planejamento urbano. Mas os 17 indicadores dos ODS também visam minimizar esses problemas por meio de práticas sustentáveis, educação, erradicação de pobreza e redução do desequilíbrio social, por exemplo.”

O curso sobre mudanças climáticas será realizado entre os dias 28 de fevereiro e 8 e março, de forma híbrida, com direito a certificação para quem assistir as aulas presencialmente na Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PRPPG) da UNITAU. Quem não puder participar presencialmente, tem a opção de acompanhar o curso de forma remota. São oferecidas vagas presenciais e vagas remotas para alunos de nível de Pós-Graduação da UNITAU e de outras Instituições de Ensino Superior. Mais de 70% das inscrições já foram efetivadas e as vagas remanescentes podem ser acessadas neste link.

As aulas em inglês e espanhol terão tradução para o português e serão ministradas pelo especialista em meteorologia e climatologia Prof. Dr. Jose Fuentes (Pennsylvania State University) e pelo Prof. Fisch (UNITAU). Entre os temas abordados estarão o desmatamento da Amazônia, simulações climáticas, o Acordo de Paris e as reuniões de organismos internacionais.

“Prof. Jose Fuentes chegou hoje e estamos com os últimos acertos para as aulas. Traremos essa temática de mudanças climática e eventos extemos. Imaginamos que o Brasil pode ser protagonista em termos ambientais, com a redução do desmatamento e dos gases do efeito estufa. É uma discussão bastante contemporânea, importante, dentro da temática da geopolítica mundial.”

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