Foto: A pintura da Biblioteca Municipal Prof. Harry Mauritz Lewin foi uma iniciativa dos Amigos da Biblioteca de Campos do Jordão que foi bem recebida pela Secretaria de Cultura e pela Prefeitura
No penúltimo artigo da série sobre as Bibliotecas de Campos do Jordão de 2015 vamos conhecer algumas das atividades do grupo ABCJ – Amigos da Biblioteca de Campos do Jordão.
A grande maioria das bibliotecas do mundo precisa de algum tipo de suporte. Mesmo nos países mais desenvolvidos, quase sempre é necessário contar com o apoio complementar de recursos financeiros ou humanos provenientes de patrocinadores, mecenas ou de pessoas da comunidade.
No Brasil a situação é mais grave. Em primeiro lugar porque os investimentos em Cultura são bem menores. Por outro lado, nós, como sociedade, entendemos que cabe aos governos tudo resolver e resistimos à ideia de participar e mais ainda à de enfiarmos a mão no bolso para investir em equipamentos culturais, prática comum em outros países. E, finalmente, porque convivemos com a quebra de continuidade de projetos, pois vários deles, criados e desenvolvidos em qualquer das esferas de poder, são vistos apenas como marcas de um determinado político ou partido. Como consequência, a cada quatro anos, nosso país dá-se ao luxo de interromper, alterar, ou deixar à míngua, as iniciativas dos antigos governos.
Foi no grande vácuo criado por essas três características brasileiras – o baixo investimento em cultura, a visão de que compete exclusivamente aos governos a resolução de problemas, e a vulnerabilidade da continuidade dos projetos quando ocorre a troca de mandatos – que um pequeno grupo de amigos resolveu se unir em torno de uma causa, a Biblioteca Municipal. E assim foi criado o grupo ABCJ – Amigos da Biblioteca de Campos do Jordão.
Seus integrantes utilizaram como base a crença no poder de transformação que uma biblioteca pode ter na vida das pessoas. E como princípio, a ideia de preservar a independência, sem vínculos com políticos ou partidos, mantendo um olhar crítico para a administração de recursos e para a qualidade das ações.
No momento em que o grupo foi criado, a necessidade mais urgente da Biblioteca Municipal era a pintura externa, pois infiltrações poderiam comprometer o acervo e, no futuro, a integridade física da sede. Há anos a falta de verba inviabilizava essa ação. Os Amigos procuraram a Secretaria da Cultura com a proposta de comprar os materiais necessários, desde que a Prefeitura fornecesse a mão de obra, o que foi prontamente aceito. A partir de então, 70 pessoas acreditaram e apoiaram a ideia e se “juntaram” temporariamente ao grupo. Com os recursos disponíveis, foram adquiridos materiais de pintura e tintas de primeira linha para assegurar a maior durabilidade possível.
As obras de pintura caminharam com alguma lentidão, mas o importante é que o serviço foi executado e de forma correta. Enquanto isso, como atividade voluntária, atendendo a um convite dos Amigos, Tibério Cabral Cordeiro recuperou os móveis da sala infantil e construiu mais um conjunto de mesas e cadeiras. Alunos da Escola “Viver e Aprender”, como parte de uma atividade pedagógica, “pintaram” esses móveis, ou seja, com sua presença e algumas pinceladas, ampliaram substancialmente seu vínculo pessoal com a Biblioteca.
Quando a pintura externa foi concluída, o toldo de entrada foi trocado. Um levantamento mostrou que havia uma sobra de tinta que poderia ser utilizada para a pintura interna e dos mastros das bandeiras, o que foi feito. E a artista plástica Verônica Câmara foi convidada para realizar um projeto de pintura decorativa para a porta de entrada. Verônica generosamente criou e executou o trabalho como doação para a cidade, sem nada cobrar.
O fato concreto é que, em pouco mais de um ano a Biblioteca foi pintada por fora e por dentro; os móveis da sala infantil foram recuperados e pintados; o antigo e danificado toldo foi trocado; e a porta ganhou uma bela e simpática intervenção artística.
Com o passar do tempo, o núcleo dos Amigos sentiu necessidade de ampliar seu raio de ação e hoje reconhece e valoriza o trabalho de outras bibliotecas da cidade, como mostra esta série sobre as Bibliotecas de Campos do Jordão. Sempre que possível, os Amigos apoiam com a doação de livros algumas bibliotecas locais.
No início do próximo ano letivo um caixote de livros montado pelos Amigos, contendo publicações voltadas para a faixa etária entre 12 e 15 anos, percorrerá algumas bibliotecas escolares da cidade com o objetivo de atrair novos leitores e preservar os já existentes, com títulos recém-lançados que falam a linguagem desse público tão especial.
Se você também valoriza este tipo de iniciativa e reconhece a importância de uma biblioteca e da leitura para a vida de uma cidade e seus habitantes, curta a página dos Amigos da Biblioteca de Campos do Jordão no Facebook.