Há alguns anos, fui impactado, como se diz hoje em dia, por um texto do jordanense Cláudio Luís Russo Moysés, que tive o privilégio de ler em 29 de abril de 2014, aniversário de Campos do Jordão. Esse texto ressoa profundamente com muitos de nós, jordanenses, pois captura a essência de pertencer a esta cidade de uma maneira que transcende o simples fato de ter nascido aqui. Cláudio Luís Russo Moysés expressa em palavras aquilo que muitos de nós sentimos, mas talvez não saibamos como articular.
Ser jordanense não é somente nascer em Campos do Jordão, ser jordanense é se apaixonar por esta cidade, e escolhe-lá para viver;
Ser jordanense é ir estudar fora, construir sua vida fora, mas sempre ter vontade de voltar, é morrer de vontade de passar o túnel e sentir aquele ar fresquinho da montanha;
Ser jordanense é assar pinhão com garra de pinheiro, é sempre sair com um casaco embaixo do braço, é andar pelo meio da rua;
Ser jordanense é gostar do inverno, é esperar a primeira geada e curtir a temporada;
Ser jordanense é querer imitar o sotaque da capital, é saber servir e atender o turista, é apertar o cinto no verão para aliviar no inverno;
Ser jordanense é nascer na Santa Casa com o Dr. Samuel, é ter a força do pinhão, é colher cogumelo em São José dos Alpes;
Ser jordanense é se sentir estrangeiro em sua própria cidade, mas é antes de tudo saber que ali é seu lugar.
Esse texto, de maneira simples e direta, encapsula as nuances e particularidades de ser jordanense. Mais do que um local de nascimento, ser jordanense é uma escolha, um amor profundo pela cidade, uma conexão que permanece mesmo quando a vida nos leva para longe. É aquele desejo incontrolável de passar pelo túnel e sentir o ar fresco da montanha, algo que, para nós, representa mais do que um simples fenômeno climático – é um abraço da nossa terra.
Assar pinhão com garra de pinheiro, sair com um casaco embaixo do braço, andar pelo meio da rua – essas são as pequenas tradições e hábitos que fazem parte do nosso dia a dia e que definem nossa identidade. Gostar do inverno, esperar pela primeira geada e curtir a temporada são mais do que preferências climáticas; são celebrações daquilo que torna nossa cidade única e especial.
O texto também toca na realidade de muitos jordanenses que, por diversas razões, precisam buscar oportunidades fora. Ainda assim, o desejo de voltar e o sentimento de pertencimento nunca desaparecem. E quando retornamos, há uma familiaridade e um conforto em saber que, apesar de todas as mudanças, aqui é o nosso lugar.
Há uma dualidade em ser jordanense: sentir-se estrangeiro em sua própria cidade, especialmente em tempos de alta temporada quando turistas inundam as ruas, mas ainda assim saber que este é o seu lugar. É um sentimento complexo, mas que reforça nossa identidade e nosso amor por Campos do Jordão.
Campos do Jordão é mais do que uma cidade para nós; é um lar, um refúgio, um lugar onde memórias são feitas e tradições são mantidas vivas. Cláudio Luís Russo Moysés conseguiu capturar esse espírito em seu texto, oferecendo uma homenagem a todos os jordanenses – aqueles que nasceram aqui e aqueles que escolheram este lugar para viver.
Que continuemos a celebrar nossa cidade, a honrar nossas tradições e a cultivar esse sentimento de pertencimento que nos une. Ser jordanense é um privilégio, uma paixão, e, acima de tudo, uma identidade que carregamos com orgulho.
Foto: Reprodução quadro de
Luiz Pereira Moyses
Paisagem Jordanense
Ricardo M. S. Gonçalves
Fundador do Guiacampos.com e um dos
apaixonados por Campos do Jordão.