ENTREVISTA: “Neste concerto encerramos nossas atividades!” Disse a regente da Campos Filarmônica no palco do Festival de Inverno.

Filarmônica de Campos do Jordão
Filarmônica de Campos do Jordão

A regente da Campos Filarmônica Renata Cristina Ortiz Villate,  surpreendeu a todos no último domingo,  na abertura do concerto de encerramento do Festival de Inverno de Campos do Jordão, realizado no Auditório Claudio Santoro, quando informou ali mesmo, no palco, que seria aquele o último concerto da orquestra.

Renata concedeu uma entrevista exclusiva ao Guiacampos.com falando do caso. (abaixo)


Jordanense que frequentou a escola pública, filha de um mecânico e uma dona de casa que sempre apoiaram sua vocação musical, Renata Cristina Ortiz de Villate resolveu um dia fundar a Campos Filarmônica (Orquestra Filarmônica de Campos do Jordão), que viria a ser a primeira orquestra da cidade que há 46 anos sedia o maior festival de música clássica da América Latina. Mas se pensa que isso faz tempo está enganado! A Campos Filarmônica teve seu primeiro ensaio em 10 de outubro de 2010 e tinha somente 5 jovens, como disse a fundadora e atual regente nessa entrevista exclusiva ao site Guiacampos.com.

Mas pode ter sido neste domingo (2 de agosto de 2015), antes mesmo de completar cinco anos, que esse sonho chega ao fim para Renata e aos demais 30 músicos que atuam na orquestra de forma voluntária.

“…esse será o concerto que encerra nossas atividades, até que tenhamos patrocínio, apoio que realmente necessitamos.”

Sem recursos financeiros não será mais possível manter o projeto. “Temos que ser regularizados e valorizados” diz Renata. Mas o que mais choca nessa noticia é que está acontecendo em Campos do Jordão, Cidade da música clássica, que “respira” ou deveria “respirar” música no ano todo, e que recebe turistas de todo Brasil que, acredita-se, procuram cultura de qualidade.

Ainda assim foram poucos os empresários locais que se sensibilizaram ou puderam colaborar financeiramente com a iniciativa. Pelo visto não houve o entendimento de que uma orquestra que leva a cidade em seu próprio nome pode ser no mínimo mais um atrativo turístico para Campos do Jordão.

Segundo a regente houve sim patrocínios pontuais à alguns concerto ou à algumas iniciativas momentâneas, mas não um patrocínio que viesse a custear o projeto e impulsionar esse sonho.

Do poder público poderia vir a solução, que seria transformar a orquestra numa sinfônica onde os músicos teriam remuneração e também obrigações a cumprir, mas não aconteceu. Foram “alguns apoios, como local de ensaio e transporte para os músicos do vale, que em menos 1 ano nos foi tirado.” conta Renata esperando que de alguma forma seja possível continuar regendo a orquestra que foi criada tardiamente, somente 41 anos após o início do Festival que é sediado na cidade.

Leia abaixo a entrevista completa

Renata Cristina Ortiz de Villate, fundadora e atual regente da Campos Filarmônica ou Orquestra Filarmonica de Campos do Jordão como também é conhecida.
Renata Cristina Ortiz de Villate, fundadora e atual regente da Campos Filarmônica ou Orquestra Filarmônica de Campos do Jordão como também é conhecida.

Guiacampos.com: Em que momento e de que forma a música entrou na sua vida?

Renata: Comecei em um coral da igreja e logo entrei no Projeto Guri.

Guiacampos.com: E a Filarmônica? Por que e em que momento a decisão de criar uma orquestra em Campos do Jordão?

Renata: A Filarmônica foi um sonho de mudar a realidade de uma cidade que sedia há 46 anos o melhor Festival de Musica da América Latina e não possui até hoje um conservatório. E não vive de música como deveria.

Guiacampos.com: Quantos eram no início?

Renata: No primeiro ensaio (10 de outubro de 2010) havia 5 jovens.

Guiacampos.com: O convite para o Festival de inverno, como aconteceu?

Renata: O convite veio pelo diretor pedagógico Fabio Zanon, que tomou conhecimento da nossa história e nossa luta.

Guiacampos.com: Qual a importância de Campos do Jordão ter uma orquestra?

Renata: Em primeiro lugar é a importância social, pois a cultura muda a realidade de crianças e jovens. Depois deixar de ser apenas sede de um festival de música, mais viver daquilo que fez da cidade famosa.

Guiacampos.com: Você recebeu apoio do poder público?

Renata: Alguns apoios, como local de ensaio e transporte para os músicos residentes no Vale do Paraíba, o que em menos 1 ano nos foi tirado.

Guiacampos.com: Qual apoio você esperava do Poder público?

Renata: Esperava a regularização da Orquestra, ou seja, uma Orquestra Sinfônica. Esperava que abraçassem nosso projeto.

Guiacampos.com: E a iniciativa privada? Os empresários “compraram” a idéia?

Renata: Alguns empresários nos ajudaram muito! É o caso de Lélio e Paula Gomes, Pousada das Hortências, Zé Carlos – Sabor Chocolate, Renata – Pousada La Toscana, AMECampos. Sem eles não teria feito metade do que fiz.

Guiacampos.com: Apesar dessa falta de apoio, você acha que a Campos Filarmônica chegou a ser um orgulho de Campos do Jordão?

Renata: Espero que sim! E acredito nisso devido ao público que tivemos nos concertos do Festival.

Guiacampos.com: Você disse que será esse o último concerto da Campos Filarmônica. Por que a decisão de encerrar a orquestra?

Renata: Sim, esse será o concerto que encerra nossas atividades, até que tenhamos patrocínio, apoio que realmente necessitamos. Não consigo mais manter o projeto sem isso. Temos que ser regularizados e valorizados.

Guiacampos.com: Ainda há tempo de salvar o projeto e continuar a orquestra?

Renata: Sim, claro! Estaremos a espera.


A palavra da Prefeitura

Procurado pela reportagem do Guiacampos.com, o Secretário de Cultura Sr. Benilson Toniolo informou que foi pego de surpresa, que havia projetos em andamento juntamente com a Filarmônica e classificou a decisão como unilateral.

Secretário de Cultura fala sobre a encerramento das atividades da Campos Filarmônica

O viajante e o fidalgo.

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