Por: Suzana Reis – 2018

Igreja Matriz da Paroquia de Santa Teresinha onde diariamente são realizadas missas em Campos do Jordão
Igreja Matriz de Santa Teresinha onde diariamente são realizadas missas em Campos do Jordão

Para entender um pouco o início da história da Paróquia de Santa Teresinha, é preciso voltar no tempo. Lá pelos meados de 1915, João Rodrigues da Silva, o conhecido e popular João Maquinista, era considerado um dos maiores proprietários de terras em Vila Nova, posteriormente Vila Abernéssia. Bom administrador de suas economias, ele aplicava os rendimentos em aquisição de terrenos, que à época valiam 100 contos de réis o metro quadrado e sobre eles, erguia barracões para alugar à beira da linha da Estrada de Ferro Campos do Jordão, sendo que em um deles instalou a sua residência, na antiga avenida Dr. Januário Miráglia, trecho atual com o nome de avenida Frei Orestes Girardi, local onde hoje está instalada a Galeria “Via Condotti”.

Apesar de violento e malcriado, João Maquinista foi um benemérito. Tinha uma serraria no mesmo endereço, além de barracões e veio a ceder um desses barracões para a realização de cultos religiosos onde nasceu a Capelinha de Santa Izabel em Vila Abernéssia.

Posteriormente, essa capelinha foi transferida para a pequena Igreja de Santa Izabel, que estava em construção desde 25 de abril de 1921 em terreno localizado em parte da nossa atual Praça da Bandeira, no local do Gazebo Municipal, doado pelo Dr. Robert John Reid, em 18 de setembro de 1920. A Igreja de Santa Izabel foi utilizada por vários anos, mesmo durante sua fase de construção, mas nunca foi concluída.

Efetivamente, a história da Paróquia Santa Teresinha começa no dia 13 de julho de 1923 na capela de Nossa Senhora da Saúde, na Vila Jaguaribe, em Campos do Jordão, ainda município e comarca de São Bento do Sapucaí e Santo Antônio do Pinhal. Quando tivemos um fato importante, momento em que diante de pessoas gradas da vila, os varões e as famílias católicas, foi lida a provisão expedida pelo Exmo. Revmo. Dom Epaminondas Nunes de Ávila e Silva, Bispo de Taubaté, nomeando o padre Otávio Moreira dos Santos coadjutor de Santo Antônio do Pinhal, com residência em Campos do Jordão até que fosse criada a paróquia. Em seguida foi rezada a primeira missa nessa capela de N. Sra. da Saúde.

Estiveram presentes, entre outros, o Sr. José Carlos de Macedo Soares, que convidou o padre Otávio a vir para Campos do Jordão para tratar de uma gripe pneumônica, custeou sua manutenção nessa cidade e por sua vez necessitava de um sacerdote.

Nos primeiros dias como coadjutor, o padre Otávio visitou a Igreja de Santa Isabel, ainda em construção na Vila Abernéssia e que seria a futura paróquia. No dia 22 de julho de 1923, foi provisionada pelo Sr. Bispo a criação da Conferência ao Sagrado Coração de Jesus, o Apostolado da Oração, primeiro movimento católico da paróquia, e que desempenhou um trabalho muito importante e necessário de auxílio aos tuberculosos pobres e indigentes que aportavam em Campos do Jordão, onde existe até os dias atuais. Em maio de 1924 foi oferecida pelo Coronel Sampaio para a futura matriz, a imagem de Santa Isabel de Portugal.

Em fevereiro de 1925, segundo relatos, nossa cidade estava dividida em quatro vilas, Abernéssia, Jaguaribe (denominada à época de Vila Velha), Capivari e Vila Inglesa e a vilas Natal, Escócia e Britânia estavam em formação.

A única igreja era a de N. Sra. da Saúde em Vila Jaguaribe, pois em Abernéssia havia somente o barracão em péssimo estado, cedido pelo Sr. João Machinista, que servia de capela. Havia o começo de uma igreja, porém muito em início e mal trabalhada e na Vila Capivari havia um terreno para a Capela e já com a pedra fundamental, terreno este doado por José Carlos de Macedo Soares.

Em 1927, o barracão em estado péssimo, que era usado como capela em Vila Abernéssia, foi exigido de volta pelo proprietário e passou-se então a celebrar as missas na igreja de Nossa Senhora da Saúde, na Vila Jaguaribe, isso até a inauguração da Capela Mor da futura matriz, terminada provisoriamente no dia 04 de junho do mesmo ano.

Conforme o Decreto Diocesano do Exmo. Revmo. Dom Epaminondas Nunes de Ávila e Silva, Bispo de Taubaté, no dia 21 de novembro de 1928, foi deliberada a criação da Paróquia, tendo como padroeira Santa Teresinha do Menino Jesus. Este decreto foi a público no dia 25 de dezembro de 1928.

Aos 23 dias do mês de agosto de 1931, o pároco Pe. José Fortunato da Silva Ramos, o representante do Sr. Bispo, Pe. José Vita, juntamente com outros sacerdotes, a população paroquial e representantes de instituições religiosas se dirigiram em procissão até o local destinado à construção da futura matriz paroquial que procedeu-se a benção do local e da primeira pedra e a seguir deu-se o lançamento da mesma.
No dia dois de maio de 1932, com projeto elaborado pelo arquiteto Dr. Otávio Van Erven, deu-se início à construção da Matriz de Santa Teresinha em Estilo Gótico (a arte gótica surgiu no século XVI na França e as suas igrejas se diferenciavam por conter grandes arcos, vitrais e uma rosácea, janela redonda encontrada no portal central entre outros elementos). Os alicerces da Igreja foram feitos com pedra seca e a parte superior em reboco com blocos cortados e aparelhados para dar mais segurança. Na altura do respaldo foi colocada uma viga de cimento com ferros e concluído com tijolos dos mais caros na época.

Aconteceu um fato interessante no ano de 1932, durante a Revolução Constitucionalista. Os soldados pertencentes ao Batalhão “Voluntários de Piratininga”, visitaram a paróquia e posteriormente foram substituídos pelos “Caçadores de Piratininga”. O Cap. Rômulo Rezende, comandante das Tropas da Revolução Constitucionalista, aquartelada em Campos do Jordão, nomeou o padre José Fortunato da Silva como responsável pela celebração das missas aos soldados.

No primeiro dia de janeiro de 1933, assume o novo vigário, Padre José Francisco Von Atzingen, que relata que a nova Matriz está a ponto de receber o madeiramento. No início deste mesmo ano foi lavrada a escritura de doação do terreno onde está localizada a Igreja Matriz.
Aos quatro de maio de 1933, foi fundada a Congregação Mariana e no ano de 1935 há o relato que as obras da Matriz vão em franco progresso, graças a boa vontade e tenacidade de trabalho do Padre José Vita e aos quatro de maio de 1937 a paróquia é entregue aos padres Franciscanos. A maioria da população nessa época era de doentes tuberculosos e de pessoas pobres. Em 1941 ainda se lê sobre a construção da Matriz com um aumento do seu tamanho. Em 18 de novembro de 1941, uma grande notícia, anunciada por intenso foguetório, despertava a atenção da população de Campos do Jordão, especialmente da Vila Abernéssia. Acontecia o assentamento da última telha da cobertura na Igreja Matriz.

No início de 1942, há o relato sobre plano de aprontar o forro da Igreja, que veio a ser feito de um tipo de estuque (madeira, tela e argamassa). Ainda no início do ano, é feita a campanha para levantamento da torre e aquisição dos vitrais, num total de quatorze.
Graças a inúmeros doadores, entre eles a família Fracalanza, Ângelo Lourenço, Ademar de Barros e sua esposa Leonor Mendes de Barros, João Rodrigues da Silva, o João Maquinista, Giancola Matarazzo, Apostolado da Oração, Filhas de Maria, Condessa Maria Ângela Matarazzo, Odete Boaventura Muniz Barreto e Maria José Pereira da Silva, os vitrais foram sendo adquiridos. Em 19 de outubro de 1942, chegam mais oito vitrais, todos foram adquiridos da famosa “Casa Conrado” que entre outros, é responsável pelos vitrais da Catedral da Sé, do Mercado Municipal de São Paulo, do Hospital Beneficência Portuguesa e da Fundação Armando Alvares Penteado – FAAP.

Igualmente foram doados os quadros da Via Sacra por Júlio Domingues Pereira e família, Fernando Guarinon Zen e família, Moises Fleury e família, Rosa Maritta e família, Julia Teodorica Cintra e filhos, Maria de La Calzada, Maria de Lourdes Silva, Castorino R. de Almeida e família, Apostolado da Oração, Délio J.Rangel Pestana e família, Mariano Câmara Junior e família, José Alves dos Reis e família, Geraldo Osório e família, Martha Machado e Theodoro Felix de Siqueira e família. As obras ficaram certo tempo paralisadas e no início de 1946 é terminado o trabalho que possibilitou a colocação dos ladrilhos e a construção das escadarias.

Em 1950, a Igreja Matriz recebeu seus bancos definitivos, feitos em madeira imbuia e trabalhados em estilo gótico em conformidade com o estilo da Igreja.

Desde o início do ano de 1957, o zeloso sacristão Frei Orestes Girardi, promoveu a campanha dos sinos da Matriz, quando finalmente no dia onze de outubro, chegam os 3 sinos fabricados na Inglaterra. Os três juntos pesam mais de 1.700 quilos e chegaram ao Brasil pelo porto de Santos e subiram para Campos do Jordão através das gôndolas da estrada de ferro. No dia 26 de janeiro de 1958, os sinos foram abençoados pelo bispo diocesano, Exmo. Revmo. Dom Francisco Borja do Amaral com os nomes de Santa Teresinha, Nossa Senhora de Fátima e São Francisco de Assis.

Em julho de 1959, o altar passou por uma reforma, com a construção em mármore, que se encontra no fundo do presbitério e a escadaria. Em dezembro de 1960 é construído o novo púlpito, existente até hoje, doação do Sr. Castorino R. de Almeida e família. Feito de tijolos e de madeira talhada, o púlpito é decorado por fora pelas hábeis mãos do Frei Geraldo com representação dos símbolos dos quatro evangelistas, ficando situado no centro o Bom Pastor que fornece alimento às suas ovelhas.

Em outubro de 1962, as obras de revestimento externo da Matriz são finalmente concluídas, dando à Igreja Mãe da cidade um aspecto mais digno.

Em 1969, cria-se na paróquia o Conselho Paroquial de Pastoral (CPP), constituído de leigos e leigas que juntamente com o pároco são os responsáveis pela caminhada da paróquia. Nos anos seguintes a paróquia continuou em sua trajetória de celebrações, formações, catequese, entre outros trabalhos.

Em 1990, após 53 anos de trabalho junto à paróquia, os padres Franciscanos deixam nossa cidade e assumem a paróquia os padres Diocesanos, que ficam até o final de 1994. No início de 1995, assumem a paróquia os Padres do Instituto Sociedade Joseleitos de Cristo, fundado em 19 de março de 1950, em Tucano-BA, pelo servo de Deus, padre José Gumercindo dos Santos, e que permanecem suas atividades até os dias atuais.

Em 23 de Agosto de 1998, a paróquia recebeu a visita da Urna Mortuária de Santa Teresinha, com uma relíquia da Santa, um fragmento do osso fêmur da santa foi trazido pelo Exmo. Revmo. Dom Antônio Afonso de Miranda, Bispo Diocesano de Taubaté. Essa Relíquia de Santa Teresinha encontra-se exposta aos pés da sua imagem, no interior da Igreja Matriz.
Em 2001, a cidade até então com uma paróquia, a de Santa Teresinha do Menino Jesus foi dividida em duas, quando cria-se a Paróquia São Benedito no Capivari. Posteriormente foi criada a Paróquia Nossa Senhora da Saúde em Jaguaribe, portanto, nossa cidade conta hoje com três paróquias.

Nesses 90 anos de existência da Paróquia Santa Teresinha, a vida foi germinando com a criação das comunidades, o surgimento das pastorais, movimentos e associações, nas ricas celebrações gerando a vida, nos encontros e retiros espirituais. Vale destacar a visita da Cruz Peregrina da JMJ e do Ícone de Nossa Senhora, que precederam a Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em julho de 2013.

Destacamos também a Missão Salesiana da Juventude em 2016, o Ano Santo Mariano em 2017, em comemoração aos 300 anos do Encontro da Imagem de N. Sra. da Conceição Aparecida, a qual tivemos a alegria de receber em nossa paróquia.
Em abril de 2018 recebemos a Caminhada Franciscana da Juventude e o Diploma de Reconhecimento concedido pela Câmara Municipal de Campos do Jordão, pelos trabalhos desenvolvidos em prol da comunidade jordanense.

A paróquia celebra seus 90 anos com jubilo, confiando que Deus continuará, com interseção de Santa Teresinha, guiando seus pastores, suas pastorais, movimentos, comunidades e casas religiosas rumo aos 100, 120, 150…

Deus seja lovado por todos!!!!

Fonte: Livros de Tombo (registro histórico)

Confira os Horários de Missas em Campos do Jordão.

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