Crônica do Pedrinho: A Capital de Campos do Jordão

O prefeito José Arthur da Motta Bicudo exerceu o cargo de 14 de julho de 1938 até 10 de junho de 1941, durante a Interventoria do Dr. Adhemar de Barros.

Foi um grande prefeito, ao qual se deve gestões para a construção da Santa Casa junto ao doador do terreno, João Maquinista e o Governo de São Paulo, como também o início do primeiro serviço de água na Estância.

Capitão-médico da Força Pública do Estado de São Paulo, era muito próximo do então Interventor Federal, chegando a se eleger deputado constituinte de 1947, pela legenda do Partido Social Progressista.

Durante sua gestão, iniciaram-se as primeiras obras de infra-estrutura de Campos do Jordão, preconizadas no Plano de Urbanização presidido pelo saudoso engenheiro Francisco Prestes Maia.
O Dr. Motta Bicudo, que possuía propriedade rural no bairro da Tabatinga, onde chegou a hospedar, certa feita e em segredo, anos mais tarde, o Governador Jânio Quadros, adquiriu um britador para a Prefeitura, em local que acabou dando nome ao bairro.

Instalou um matadouro de animais em Vila Guarani, retificou o rio Capivari, abriu a estrada do atual cemitério e iniciou as obras do estádio municipal.

Foi, durante muitos anos, presidente do Hospital e Maternidade Dr. Adhemar de Barros, onde prestou relevantes e inestimáveis serviços.

Foi um grande aficcionado do Abernéssia Futebol Clube que, naquela época, tinha uma equipe de futebol da melhor qualidade técnica.

Contou-me Orlando Abitante, com sua memória de elefante, que, certo dia, defrontaram-se em Capivari, as equipes do Abernéssia Futebol Clube e do Campos do Jordão F. C., em verdadeiro clássico, pois eram duas equipes rivais, que se engalfinhavam durante e depois da partida. Há muita gente que ainda se lembra das brigas homéricas que ocorriam quando os abernessianos jogavam contra o Campos do Jordão F C., cuja equipe era constituída dos melhores craques jordanenses.

Ia-me esquecendo de dizer que um dos mais sérios problemas defrontados pelo prefeito Motta Bicudo, era o favelamento existente nas encostas de Vila Ferraz, próxima ao Sanatório S-2, cujo bairro, por longos anos, ficou conhecido como a Favela. Era uma pedra no sapato do prefeito que, apesar dos seus esforços, não conseguia removê-la, como era do seu desejo.
Imagine se ele vivesse nos nossos dias …

Pois bem, quando Motta Bicudo ingressou no campo de futebol do Campos do Jordão F. C., que se situava ao lado do Tênis Clube, onde a equipe jordanense chegou a enfrentar o time de profissionais do glorioso São Paulo F. C., foi recebido por todos com grande confraternização: cumprimentos, abraços, vivas, tapinhas nas costas, pois afinal de contas, era a maior autoridade do Município que estava presente.

Logo que chegou, Motta Bicudo perguntou:
– Quem está ganhando o jogo?
Virgulino Alves, que já tinha tomado umas cachaças a mais, respondeu:
– 3 a 1 para o Campos do Jordão, Dr. Bicudo.

Motta Bicudo não gostou muito, pois a equipe de seu coração estava levando uma goleada. Um pouco entristecido, retrucou a Virgulino Alves que, por sua vez, era um aficcionado e fervoroso torcedor do Campos do fordão F. C.:

– Bem, não tem importância. Mas Abernéssia continua a ser a Capital de Campos do Jordão!
Virgulino engoliu em seco, não gostou e devolveu ao prefeito:

– Bem, Dr. Bicudo … Abernéssia um dia pode vir a ser a Capital de Campos do fordão, mas antes, é preciso que o prefeito acabe com a favela …

O prefeito municipal, alegando compromissos urgentes, desconversou, pediu licença e retirou-se do campo de futebol, ouvindo as gostosas gargalhadas de Virgulino Alves, que costumava enfiar joás em espetos para marcar o placar da partida.

O Campos do fordão F. C. tinha espetado três joás e o Abernéssia F. C., um.

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