Crônica Pedro Paulo Filho: O primeiro que entrar morre!

Hoje lembrei bastante do amigo Pedro Paulo Filho. Amigo que sempre admirei demais, seja pelo seu jeito de ser, pela forma de falar com as pessoas ou pela cultura e sabedoria que detinha. Sendo assim, resolvi republicar abaixo uma de suas crônicas, só uma das dezenas que escreveu e ficaram para nos ajudar a matar a saudade!

O primeiro que entrar morre!

Pedro Paulo Filho

Tudo aconteceu em abril de 1918, quando a E. F. Campos do Jordão ainda não estava concluída completamente. Ao lado da modesta estação ferroviária, havia um tosco barracão, onde funcionava o Posto Telefônico, com aparelhos a manivela.

Nessa época, morava em Campos do Jordão o dr. Plínio Barbosa Lima, considerado o primeiro médico da cidade e importante político do P. R. P. A população o admirava, porque atendia doentes à noite em lugares longínquos, montado em seu cavalo. Ainda Distrito de São Bento do Sapucaí, a cidade possuía uma Subdelegacia de Policia, chefiada por Carlos Fernandes Chaves, homem cheio de “otoridade”.

Já havia entre o médico e o subdelegado seguidos atritos e desavenças. Pior. Ambos gostavam de uma bela moça tuberculosa que se hospedava na Pensão Sans-Souci. É a história do “cherchez la femme”. A pensão ficava perto da atual Assiso. Certo dia, no começo de abril, dadas aos constantes atritos entre o médico o subdelegado, o dr. Plínio dirigiu-se ao Posto Telefônico e pediu ao telefonista que fizesse uma ligação à Delegacia de Policia de Guaratinguetá, pois se achava ameaçado de morte pelo subdelegado.

Quando a ligação foi completada, por um azar do destino, ingressou no Posto Telefônico o subdelegado, que chegou a ouvir o início da queixa do médico. Só deu tempo para o subdelegado dizer: “Não diga bobagem, eu …” O dr. Plínio Barbosa Lima sacou de uma arma automática, com a qual treinava diariamente, mirou e puxou o gatilho. Tiro certeiro que atingiu um dos olhos do subdelegado, que tombou pesadamente no chão de madeira, morto e encomendado. O médico retirou-se rapidamente do local, dirigindo-se à pensão Sans-Souci, onde queria ter uma “conversa” com Santery Guimarães, dono da pensão e também interessado na sua bela hóspede. Deu azar, no meio do caminho, encontrou Joaquim Ferreira da Rocha, suplente do subdelegado, um português pioneiro de Campos do Jordão, o primeiro a construir uma casa de alvenaria em Vila Abernéssia.

Rocha prendeu o médico, recolhendo-o na Cadeia Pública, um sujo pardieiro que se localizava onde foi construída a agencia da Nossa Caixa Nosso Banco (atual Banco do Brasil). Puxa-sacos e cupinchas do subdelegado assassinado rumaram para a Cadeia Pública para tentar retirar o dr. Plínio Barbosa Lima e “fazer justiça com as próprias mãos”.

Quando o velho Joaquim Ferreira da Rocha, português bravo, viu aquela multidão ameaçadora, pediu a carabina do único soldado do Distrito, Neco Jason, saiu à porta da cadeia e diante da multidão, gritou: “Esta espingarda só tem uma bala. O primeiro que tentar entrar, morre” Não sobrou viva alma na frente da Cadeia Pública. Posteriormente, o dr. Plínio Barbosa Lima foi absolvido no Fórum de São Bento do Sapucaí.

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